O BÔNUS

Diante de si mesmo, frente ao cristal,

Contando as marcas de sua jornada,

O velho, olhando a face enrugada,

De leve sorri, se acha imortal.

A seu lado uma sombra espreita,

Na tocaia com olhos de cobiça.

O sorriso seu instinto atiça

Antevendo a hora da colheita.

Relembrando em sonhos a vida inteira,

O velho nem suspeita que o inimigo

Já empunha a velha segadeira.

Como bônus final, ela consente

Que ele esteja assim tão contente

Ao viver sua hora derradeira.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 04/05/2017
Reeditado em 04/05/2017
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