O BÔNUS
Diante de si mesmo, frente ao cristal,
Contando as marcas de sua jornada,
O velho, olhando a face enrugada,
De leve sorri, se acha imortal.
A seu lado uma sombra espreita,
Na tocaia com olhos de cobiça.
O sorriso seu instinto atiça
Antevendo a hora da colheita.
Relembrando em sonhos a vida inteira,
O velho nem suspeita que o inimigo
Já empunha a velha segadeira.
Como bônus final, ela consente
Que ele esteja assim tão contente
Ao viver sua hora derradeira.