PRIMEIRA TÁBUA (Soneto Decassílabo Profético)
PRIMEIRA TÁBUA
Aumenta em mim no espírito esta chama,
Sopro divino ou hausto sacrossanto,
Labareda do gênio que reclama,
Em êxtase, o cumprir do altivo canto.
Imago Dei, meu âmago declama,
Sempre a vibrar na entranha um vivo espanto
Diante da Graça, toda a rica gama
Áurea de sons e notas -- Dons, portanto.
Por sobre as amplidões da terra inteira,
Onde o clarão do sol nem mesmo atinge,
Espalhe-se esta música ligeira!
Sombras espessas da caverna, abri-vos!
Infusa graça vence a morte e a Esfinge,
A alma dos homens triunfa, sempre vivos.