A UM CANARINHO
Em memória de Caito Spina
A um Canarinho
Em memória de Caito Spina
Canarinho cantava em fim de tarde,
Tendo o ouro das penas desbotado,
E era um canto decerto magoado
E era um canto de sol que ainda arde.
Entretanto era um canto sem alarde,
Rebrilhante dos ares já voados
E dos campos e flores contemplados,
Como adeus dito em doce boa-tarde.
Eu me lembro de ti, ó Canarinho,
Que cantaste por todo o teu caminho
O luar, a morena, a solidão.
E na dor mais extrema tu criavas
Mais canções, e em segredo lamentavas
Revoar de onde está teu coração.