HÁ
Há algo no preâmbulo da tarde,
da tarde que se estende em nossos olhos...
A nos deixar cair nesses escolhos
da chama desse amor que agora arde.
Há um falar em nós sem refolhos,
sem meias palavras súbitas, covardes;
sem alaridos falsos, guizos, alardes;
e uma ternura que nos chega aos molhos.
Há um falar de pernas, braços, gestos;
de sentidos, há todo um manifesto,
p'la duração do nosso ardente amor.
Mas há ainda, no cerne, essa porfia,
contrário ao apelo dessa poesia,
que se sustenta em nós por essa dor!