Há algo no preâmbulo da tarde,

da tarde que se estende em nossos olhos...

A nos deixar cair nesses escolhos

da chama desse amor que agora arde.

Há um falar em nós sem refolhos,

sem meias palavras súbitas, covardes;

sem alaridos falsos, guizos, alardes;

e uma ternura que nos chega aos molhos.

Há um falar de pernas, braços, gestos;

de sentidos, há todo um manifesto,

p'la duração do nosso ardente amor.

Mas há ainda, no cerne, essa porfia,

contrário ao apelo dessa poesia,

que se sustenta em nós por essa dor!

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 30/04/2017
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