Devoção
Amém, todos diziam, eu de cobiça
Desejando-a linda nazarena
Fui todos nove dias de novena
Pra ver se via a brecha da noviça
Mal o padre começava a missa
Faminto eu vinha, sórdida hiena,
Falso fiel ávido com a cena
Dela rezando cúmplice remissa
E nada em seus gestos recatados
Lembrava melindrosas dum bordel,
No entanto meus sentidos abrasados,
Olhando-a a se benzer sob seu véu
Só imaginar em sórdidos pecados
Debaixo de seu hábito um céu