SONETO DAS COISAS SEM FIM

Sei bem da finitude e a estimo por demais

Contudo tive ânsia ao ver a podridão que se segue

Acostumei-me com ciclos e portas seminais

E nos funerais sempre treinei minha verve

Juventude, desista de me seguir, lhe rogo

Seu discurso e suas teses já foram com o vento

Nas claras manhãs só o tédio vem logo

Nos dias presentes contemplo apenas o momento

Solidão e culpa ficaram pra trás num mundo imaterial

O gelo se formou nele até a brisa despedaçá-lo

Tudo por fim adquiriu a face coerente do surreal

Despeço-me então da sombra da dúvida

Cumprimento de bom grado o infinito e sua prole

Festejo com eles a dádiva da vida

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 27/04/2017
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