SONETO DAS COISAS SEM FIM
Sei bem da finitude e a estimo por demais
Contudo tive ânsia ao ver a podridão que se segue
Acostumei-me com ciclos e portas seminais
E nos funerais sempre treinei minha verve
Juventude, desista de me seguir, lhe rogo
Seu discurso e suas teses já foram com o vento
Nas claras manhãs só o tédio vem logo
Nos dias presentes contemplo apenas o momento
Solidão e culpa ficaram pra trás num mundo imaterial
O gelo se formou nele até a brisa despedaçá-lo
Tudo por fim adquiriu a face coerente do surreal
Despeço-me então da sombra da dúvida
Cumprimento de bom grado o infinito e sua prole
Festejo com eles a dádiva da vida