SONETO DA VINGANÇA
Fiz a partilha do inferno no crânio da turba vencida
Tão indóceis e espasmódicos em seu transe letal
Quanto sangue derramei em minha descida
Junto às leis que me deram o juízo afinal
Enterrei os velhos amigos e os sonhos destituídos de grandeza
Cuidadosamente incinerei os fetos malformados
A noite gentil testemunhou minhas ações de limpeza
O luar inspirou meus jogos bem elaborados
Mas minha fome ainda não estava saciada
Quando vivi numa lógica menos congruente
Numa toada quase inconsciente
Servido de tenras carnes agora ando entre as brasas
Castelos caem enquanto respiro suas ruínas
Nada me fere e enfim tenho mil casas