SONETO DA VINGANÇA

Fiz a partilha do inferno no crânio da turba vencida

Tão indóceis e espasmódicos em seu transe letal

Quanto sangue derramei em minha descida

Junto às leis que me deram o juízo afinal

Enterrei os velhos amigos e os sonhos destituídos de grandeza

Cuidadosamente incinerei os fetos malformados

A noite gentil testemunhou minhas ações de limpeza

O luar inspirou meus jogos bem elaborados

Mas minha fome ainda não estava saciada

Quando vivi numa lógica menos congruente

Numa toada quase inconsciente

Servido de tenras carnes agora ando entre as brasas

Castelos caem enquanto respiro suas ruínas

Nada me fere e enfim tenho mil casas

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 27/04/2017
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