Soneto Seco
No bucho o sertanejo gesta a fome,
rumina a forma oca inconsistente
de fé seca que teima está presente,
a muito lhe consola, lhe consome.
À face do sofrer não tem mais nome,
vencendo os anos trágicos pressente
o fim, mas vive, cisma, persistente
rachando feito o solo, aos poucos some.
Silente ecoa o canto da caatinga,
Plantados pés ao chão, broto não vinga...
É nada mais que parte do cenário,
qual carcará que espia ressequido,
gado pastando o mato imaginário,
caveira de boi, tronco retorcido.