Vida seca
Eliane Triska
Os tons pastéis matizam as ruelas.
Vai-se o dia, de cócoras, faminto.
Há nada que o contente nas panelas.
Cai morto no meu copo de absinto!
Ô noite rala! Só galhos pelados...
O corpo velho, nádegas caídas.
Peito murcho, sem leito, maltratado.
A Lua e as estrelas deprimidas...
De véspera, me sinto uma azarada!
Mau pensamento que eu logo desmancho
Ao ver no céu a Lua... Descarnada!
Não vai chover! Buscou outro endereço.
Risco a folha outonal: sai um garrancho!
A dor não sai! Nao sai! Eu adormeço!...
17.04.2017