NOITE SEM VOCÊ

Quando a tarde lenta pelo céu desliza,

Sangrando as nuvens como um punhal

E a lua afoita, porém indecisa,

Antecipa a sua luz mais sensual,

Sinto da janela o frescor da brisa,

Como se quisesse ser um vendaval,

Alisando o meu peito sem camisa,

Após tremular roupas no varal...

No entanto, ao revelar-se a noite,

O alisar da brisa vira um açoite,

A pungir meu peito feito tempestade;

E a nossa casa se expande em vazios,

A cama perece que tem arrepios

E até as paredes choram de saudade...

Jorge de Oliveira
Enviado por Jorge de Oliveira em 13/04/2017
Código do texto: T5969643
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