NOITE SEM VOCÊ
Quando a tarde lenta pelo céu desliza,
Sangrando as nuvens como um punhal
E a lua afoita, porém indecisa,
Antecipa a sua luz mais sensual,
Sinto da janela o frescor da brisa,
Como se quisesse ser um vendaval,
Alisando o meu peito sem camisa,
Após tremular roupas no varal...
No entanto, ao revelar-se a noite,
O alisar da brisa vira um açoite,
A pungir meu peito feito tempestade;
E a nossa casa se expande em vazios,
A cama perece que tem arrepios
E até as paredes choram de saudade...