ESCOMBROS

Sobre os olhos já sem brilho, moribundos

Pairam nuvens carregadas de saudade

Abissal escuridão de eternidade

Alimenta-me duríssimos segundos

De trovões os estampidos furibundos

Ensurdecem, gritam tanta hostilidade

Não demora em mim rugir a tempestade

Arrasando o que restou de belos mundos

Quanto mais revolvo escombros, mais definho

Menos quero resistir ao torvelinho

Que destroça, pouco a pouco, sentimentos

Implacáveis, as torrentes de tristeza

Agigantam-se em meu peito e, com braveza

Lançarão de mim o fel dos desalentos