BARQUEIRO DOS INFERNOS
Esta saudade gitana me machuca,
me fere os olhos a derramar lamentos
Por que sou triste quando relembro o gozo?
Por que o vazio me afoga nos momentos?
O vinho tinto que de ali me olha
manda um convite para o amor ardente
Por que fui remexer nessas memórias?
Por que razão plantei essa semente?
Assim a tarde lerda com o passar do dia
me faz demente olhando o horizonte
E quanto mais coisa faço, fica mais vazia
Quisera eu ter podido construir uma ponte
nesse momento vago de poesia
e ter-me transformado em deus — o deus Caronte