SONETO À MODA ANTIGA
Tu
princesa plebeia da minha cama de feno
tu
que sorve minha música como sorvo o veneno
que exala o ciúme que de ti sinto - não minto
sobrevivo por teu amor tão pudico e obsceno...
Eu
plebeu rude de mansão coberta por imensas estrelas
que saio a vagar por charcos e pântanos só para vê-la
eu
regulado pelo relógio da libido
que quando dou corda perco os sentidos...
Ambos
meros preâmbulos da escrita sanguínea
lava fosca que explode pela fome ígnea
Ambos
desacato à arena onde nos assistem os tímidos úmidos
que morremos e revivemos em espasmos gozosos e súbitos...