Soneto VII
VII
Charco em suor, a sonhar, me queimava
A caudalosa noite longa e dura,
Quando mostrou-se a mim uma figura
Suave e branda, que eu, perdido, admirava.
Do rosto, um nímio riso a mim mostrava
Com olhar plácido e cheio de doçura,
Pela fermosa espádua de lisura
Os cachos espargidos derramava.
Por ele então minh'alma se deslumbra,
Olhares e suspiros meus roubara,
Tanta luz amável e bela e sacra,
Como uma relíquia, uma pedra d'ara.
Assim jorrava apenas uma sombra,
Qual rainha bela, a sombra de Tamara.