Soneto VII

VII

Charco em suor, a sonhar, me queimava

A caudalosa noite longa e dura,

Quando mostrou-se a mim uma figura

Suave e branda, que eu, perdido, admirava.

Do rosto, um nímio riso a mim mostrava

Com olhar plácido e cheio de doçura,

Pela fermosa espádua de lisura

Os cachos espargidos derramava.

Por ele então minh'alma se deslumbra,

Olhares e suspiros meus roubara,

Tanta luz amável e bela e sacra,

Como uma relíquia, uma pedra d'ara.

Assim jorrava apenas uma sombra,

Qual rainha bela, a sombra de Tamara.

Luís Moreira
Enviado por Luís Moreira em 06/04/2017
Código do texto: T5963049
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