AINDA HÁ TEMPO

AINDA HÁ TEMPO

Doce recordação da juventude em transformação

Tempos de aprendizagem, lastreados na coragem

Viver a vida com emoção... e plena determinação

Futuro não tinha imagem, o amanhã era miragem

Despertava com o sol admirando a flor do girassol

Não pensava sofrimento, bastava o seu momento

Ouvia o canto do rouxinol tão afinado em si bemol

Ainda lembrava o vento murmurando igual lamento

Tanta vida se passou, agora vê o mundo que girou

Muito choro represou mas, ao sorrir, também ousou

Teve amor perdido que manteve o coração partido

E as lembranças nebulosas se tornaram enganosas

Ninguém lhe falou das rosas, de flores tão formosas

Mesmo contido, ainda há tempo de achar o sentido

Marco Antônio Abreu Florentino

Soneto inspirado na linda canção dos Bee Gees intitulada ¨How Can You Mend A Broken Heart¨, lançada em 1971, inicio da minha adolescência. Procurei fazer uma interpretação poética universal sobre esta interessante fase da vida que, geralmente no ser humano, inicia com todo o vigor e um sentimento de imenso poder na capacidade de criar, ter, ser e fazer. Inicio das primeiras descobertas do mundo e também dos primeiros amores, onde o comportamento intempestivo e despreocupado contrasta com o tempo da maturidade, criando as inevitáveis desilusões e desapontamentos mais marcantes da existência humana. Culmina com a idade da razão, quando muitos indivíduos apresentam uma perigosa e irreversível desconexão com o seu sentido de existir. Pessoalmente acredito que, enquanto houver vida consciente, sempre haverá tempo para achar o sentido perdido.

https://youtu.be/XdSZQn1NvME

(Bee Gees - How Can You Mend A Broken Heart)