Dinâmica (Des)umana
"Creio, como o filósofo mais crente,/ Na generalidade decrescente/ Com que a substância cósmica evolui..." (Augusto dos Anjos)
Dinâmica (Des)umana
Neste letal sepulcro da existência
Tamanha é a dor que o coração se parte
Expõe ventrículos sem nenhuma arte
Reduz-nos à estética da imanência
Mutila a alma: bestial violência!
Por todos os sentidos se reparte
Desagrega moléculas destarte
Dardeja átomos com onipotência
A energia vital o algoz pressente
E o feixe neural traduz com destreza:
Endorfina pouca enlouquece a mente!
Não distingue o riso da atroz tristeza
Não difere bicho, planta nem gente
Mói e engole... sou só mais uma presa.
(Edna Frigato)