CARNE FRACA

Corpo frio, sangue e cabeça quentes

Olhos nublados desorientados opacos

Somente a alma lagrimeja em silêncio

Corpo tenso, rígido, cabeça fervilhando

Espelho espelho meu

Há alguém mais confuso do que eu?

Cadê o menino que um dia fui?

Cadê o brilho no olhar, agora perdido?

Cadê o menino que queria ser grande?

Espelho cruel a me revelar o tempo real

Chamo as lembranças nas fotografias amareladas

Agora o espelho me mostra as rugas

Carne fraca, cabelos embranquecendo

Apesar da catarata nevoar meu olhar.

Jô Pessanha
Enviado por Jô Pessanha em 01/04/2017
Reeditado em 02/04/2017
Código do texto: T5957914
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