O SÉTIMO JOGO 02
«Ou a contraluxúria»
Vede como está o mundo, que urge de alarme
Nesse instalado negócio para além do amor,
Que cega a inteligência humana pelo horror
De não ter uma força anímica que o desarme.
Vede como está a humana carne sem pundonor,
Essa postura de alma aprisionada à lama,
Que a reduz à espécie ínfima – qual melodrama –
Condenada ao exílio e ao triste desamor…
Vede o bezerro de ouro que é o vil dinheiro
Que circula ab aeterno tirando-lhe o siso
E o preço a pagar que é a perda do Paraíso
E da Inocência que era todo o “bem primeiro”.
E vede para quem vai a culpa desta desgraça:
Para a mulher, para a serpente, para a maçã
Ou, simplesmente, porque a carne é fraca ou má?
Diria, apenas, que a traficância é uma ameaça…
Exclamou Vieira, no sermonário da luxúria:
- Ó vós, humanos, para quando o fim da incúria?
Frassino Machado
In ODIRONIAS