À Camila
Soneto VI
Ai de mim! Se não tivesse a língua tão dura
Umas canções dignas de ti então faria,
Para vê-la sorrir-se em gosto e alegria
Por louvar teus encantos e doçura.
Ai de mim! Que nada tenho a sua altura
Pelo que inda mais teu olhar se acenderia.
E inda quanto lhe desse, pouco seria
Para alcançar tamanha formosura.
Mas, Camila, para mim, ter riqueza
É poder, desses lábios róseos, ouvir
Todo o lirismo que a tua voz dardeja,
É perder-se no delicioso luzir
Da profunda luz que em teu olhar sobeja;
Nada é maior que poder vê-la sorrir.