À Camila

Soneto VI

Ai de mim! Se não tivesse a língua tão dura

Umas canções dignas de ti então faria,

Para vê-la sorrir-se em gosto e alegria

Por louvar teus encantos e doçura.

Ai de mim! Que nada tenho a sua altura

Pelo que inda mais teu olhar se acenderia.

E inda quanto lhe desse, pouco seria

Para alcançar tamanha formosura.

Mas, Camila, para mim, ter riqueza

É poder, desses lábios róseos, ouvir

Todo o lirismo que a tua voz dardeja,

É perder-se no delicioso luzir

Da profunda luz que em teu olhar sobeja;

Nada é maior que poder vê-la sorrir.

Luís Moreira
Enviado por Luís Moreira em 29/03/2017
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