Andanças
Eu sigo além o incógnito caminho,
que se abre em curvas tortas na passagem,
enquanto as aves fogem do seu ninho
e vão construir ninhos em outra margem.
Vou sem rota, sem paz nem bagagem,
vendo um gigante onde só há moinho.
Como Job vou ruminando uma bobagem,
e como ele vou cantando, sozinho.
Tudo se cobre de um púrpuro extremo,
a estrada lentamente se escurece
e vêem-se anjos de um perfil blasfemo.
O Sol se põe no horizonte em prece
e eu, astro decaído, choro e gemo
ante o Infinito que me desconhece...