Andanças

Eu sigo além o incógnito caminho,

que se abre em curvas tortas na passagem,

enquanto as aves fogem do seu ninho

e vão construir ninhos em outra margem.

Vou sem rota, sem paz nem bagagem,

vendo um gigante onde só há moinho.

Como Job vou ruminando uma bobagem,

e como ele vou cantando, sozinho.

Tudo se cobre de um púrpuro extremo,

a estrada lentamente se escurece

e vêem-se anjos de um perfil blasfemo.

O Sol se põe no horizonte em prece

e eu, astro decaído, choro e gemo

ante o Infinito que me desconhece...

Vagner Rossi
Enviado por Vagner Rossi em 29/03/2017
Código do texto: T5955100
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