LIVRE PÉTALA
Àquele *poema sujo emergido dentre todas
As imundas e rotas lamas,rebrotadas das alcovas!
Pelos desterrados versos deste solo tão sofrido
Inacreditável feito, de inda ter sobrevivido...
Decantada qual murmúrio em resposta florescida
Segue suplantada rima em terra vil, tão decaída!
Que a si se procrastina a negar-se o absoluto
Neste solo castigado de destino irresoluto;
Uma flor, quiçá, à aurora dum reverso em ascensão,
Primavera congelada num inverno em regressão...
Flor cadente renascente rebrotada sem guarida
Qual criança abandonada de tez frágil, arrefecida.
Surge em verso de alento na florada amortecida:
Livre pétala solta ao vento, pela rima conduzida.
* alusão à obra visceral de Ferreira Gullar, em homenagem.