NÃO MATEM A POESIA

Se ouvirem p´ la manhã o canto da cotovia

A quem compete o anunciar da Primavera

Não julguem, porventura, que é uma quimera

Trata-se, apenas, da bela musa da Poesia.

Não a procurem descobrir porque é austera

E canta voando, numa suave harmonia,

Os seus alegres trinados de nostalgia

Ondulando na brisa fresca da atmosfera.

É ela a digna mensageira da Natureza,

Que serve de guião aos pássaros sazonais

Desde as enormes aves até aos pardais

Em partitura musical de rara beleza…

E é nesta humana dialéctica de sentimento

Que formulo, por bem, uma apelação sincera

Neste repto final: não matem a Primavera

Se querem sustentar o seu encantamento.

Parem com esta chuva e neve, e venha o sol,

Parem de conspurcar as terras e as águas

E, se anseiam apaziguar as vossas mágoas,

Deixem cantar a cotovia e o rouxinol!

Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 24/03/2017
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