UM GOZO
Na rede de balanço o vai e vem
Insiste em distorcer os pensamentos,
Os versos mais parecem velho trem
A cada balanceio vêm mais lentos.
A ideia tropeçando como quem
Embriagado está dos seus intentos,
Quase sem horizonte, muito aquém,
Já perdendo os sentidos sonolentos.
E nada corresponde a tanto anseio
De versar um soneto primoroso
Em meio à sonolência que já veio.
Aos poucos um cochilo vem gostoso,
Poeta vai ficando mais alheio
E o poema, qual sonho, vira um gozo.