ORELHAS-DE-PAU

ORELHAS-DE-PAU

Havia um tronco de árvore partida

Bem no meio da calçada, em plena rua.

Fora deixada ali e continua

A apodrecer depois de suprimida.

Por madeira de lei, o toco sem vida

Exibe o cerne sob a casca nua,

Enquanto o tom de brasa se acentua,

Por haver toda a seiva enfim perdida.

Sem embargo, laranjas excrecências

Combrem o nobre pau feito insolências

A maneira de orelhas ou algo vil.

Cheio de orelhas, o pau que ali fenece

Queda em silêncio como se dissesse

-- "Aqui jaz outro jovem pau-brasil".

Betim - 20 03 2017