MÃOS CALOSAS

MÃOS CALOSAS

Começava na roça cedo o dia,

A tanger as reses p'ro curral

A braquiara cortada, do jirau,

Mais o milho da tunha ele trazia.

De sol a sol, a enxada alto brandia

Abrindo covas fundas no quiabal.

Tirava após sementes do embornal

Para as semear em hora já tardia.

Lá pelo lusco-fusco, bem cansado,

N'um degrau do alpendre recostado

Procura palha e fumo em meio aos grãos.

Olha os calos que tem em cada palma

E enxerga bem ali na noite calma

Uma história contada pelas mãos.

Sobrália - 13 12 1998