HABITUADO

HABITUADO

Retorno, como d'hábito, ao boteco

E lá peço o de sempre, salivando...

O amargo desce a goela requeimando

Se no palato a língua estala a seco.

Sentado à mesa posta já no beco,

Eu olho em roda a rua quando em quando

A ver as raparigas vir em bando,

Enquanto o chope escorre do caneco.

A tarde aos poucos cai entre edifícios,

Indiferente aos meus antigos vícios

Ou ao meu descaramento contumaz.

E ria de mim mesmo feito rico

Se por uma hora ou duas beberico

Com tudo que na vida mais me apraz!

Belo Horizonte - 05 05 1998