MONOCROMÁTICO
MONOCROMÁTICO
Ando sem tempo para ver as flores
E as borboletas pelo meu caminho.
Passando de olhos baixos, tão sozinho,
Eu nem reparo mais às suas cores.
Em tristes tons de cinza, mesmo amores
Se perdem na distância, sem carinho...
Em vão canta na galha o passarinho,
Enquanto sigo imerso em meus temores.
A cidade se mostra em branco e preto
Saída d'algum filme muito antigo,
Como nuanças de asfalto e de concreto.
Cansado, eu me abandono n'um abrigo
Quase a ver no reclame do panfleto
A resposta às fumaças que persigo.
Belo Horizonte – 23 03 1998