DE SUPETÃO
DE SUPETÃO
Veio e, de supetão, me deu um beijo
Que me estalou nos lábios surpreendidos.
Seus olhos pareciam divertidos
Qual de traquinas pego em pleno ensejo.
Pensei escutar de anjos outro arpejo,
Enquanto os céus se abriam destemidos
Em face dos desejos incontidos,
Pois libertos enfim de todo pejo.
Sorriu, furtivamente, me esperando...
E ficou a me olhar de quando em quando,
Certa de me tocar o coração.
Desde então, minha vida é a seguir
À espera d'outra vez se repetir
O beijo que me deu de supetão.
Betim - 23 05 1996