BUMERANGUE

BUMERANGUE

Por que nas tuas mãos eu me sinto a esmo,

Lançado para longe, mais de légua?

Às vezes me tratando a coice d’égua;

N’outras, pondo-me à parte igual torresmo...

Sempre às voltas de mim comigo mesmo,

Tu me alternas a vida em guerra e trégua.

Não tentes me pautar por tua régua,

Julgando disparar enquanto eu lesmo!

Tampouco tenhas falsa compaixão

Mesmo que, arremessado contra o chão,

Levante eu toda a poeira do deserto...

Lamentável, contudo, é essa bossa

De ver a falha tua como nossa,

Embora eu volte a ti de peito aberto.

Betim - 10 03 1998