Um Copo de Cólera
"Como quem traz ao dorso muitas cargas/ Eu sofria, ao colher simples gardênia,/ A multiplicidade heterogênea/ De sensações diversamente amargas". (Augusto dos Anjos)
Um Copo de Cólera
Ódio! Morbo endêmico imperioso
Afiados dentes!: letal esfinge!
Como uma antropofagia que infringe
Ao outro a dor; o horror contagioso
Ódio! Sentimento adâmico sórdido
Plasmado na boca sanguinolenta
Gananciosa vingança que aumenta
O sangue derramado em horto mórbido
Aguarda que o rancor em coalescência
Fermente nos delírios obscuros
Se estenda por osmose ao mundo inteiro
Quando abatido for pela demência
A tua volta terá um mundo escuro
E o ódio como o próprio carcereiro
(Edna Frigato)