FAVO DE MEL

Tão breve ergui meus sonhos sobre areias movediças

Sobre um solo de intempéries semeei só ilusões!

Bati estacas no subúrbio pelos vãos do que não via...

Adubei um verso trôpego sob o teto das monções.

Sob um sol tão escaldante dissequei todo deserto!

No verde menos provável adubei as emoções...

Ao chover erva daninha resgatei o verso concreto

De acreditar que um dia choveria redenções.

Respinguei o meu suor na semente decantada

No milagre florescente levantei braços ao céu!

Ao mirar o horizonte enxerguei nova alvorada

A alumiar o breu duma terra exposta ao leu.

Floresci no altiplano sob um pólen de invernada;

Abelha ressuscitada em doce favo de mel.