Sonetário nauseabundo

Deixo o passado ser somente passado

Para que cada coisa descanse em seu canto

E não chegue até mim abrupto espanto

Capaz de deixar-me, por fim, assustado.

O velho abre espaço, declina-se ao lado

Morre mais uma vez o singular encanto

Do homem garboso, que vivia aos prantos

Sobre a tábula etérea de um sofrer herdado.

O tempo já não é mais o vivido outrora

Mudou-se a estação, renovou-se a hora

O horizonte já anuncia um novo mundo.

Entretanto, há algo intrínseco em meu peito

Que nem mesmo o tempo encontra jeito:

Sou um sonetário nauseabundo!

oitalo
Enviado por oitalo em 04/03/2017
Código do texto: T5930499
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