Sonetário nauseabundo
Deixo o passado ser somente passado
Para que cada coisa descanse em seu canto
E não chegue até mim abrupto espanto
Capaz de deixar-me, por fim, assustado.
O velho abre espaço, declina-se ao lado
Morre mais uma vez o singular encanto
Do homem garboso, que vivia aos prantos
Sobre a tábula etérea de um sofrer herdado.
O tempo já não é mais o vivido outrora
Mudou-se a estação, renovou-se a hora
O horizonte já anuncia um novo mundo.
Entretanto, há algo intrínseco em meu peito
Que nem mesmo o tempo encontra jeito:
Sou um sonetário nauseabundo!