PENITÊNCIA

Os lívidos despojos desgarrados

do sopro infeto, negro, pestilento,

sinistro mausoléu, são monumento

aos sonhos pelo tempo aniquilados.

Entregam-se ao prazer do acerbo vento,

num coração sem luz ergastulados,

escombros de desejos malogrados,

retrato do final definhamento.

Trilhado seu percurso derradeiro,

guardando passos jaz o caminheiro.

Emudecidos, dormem seus clamores...

Um rosto descorado, sem fulgência,

exprime a vergastante penitência

que cumprem neste plano os sonhadores.