Exéquias
"Carrego em minhas células sombrias/ Antagonismos irreconciliáveis/ E as mais opostas idiossincrasias."
(Augusto dos Anjos)
Exéquias
A Aurora se desfez na indiferença
Morreu-me aqui no peito teu clarão
Onde o silêncio implorava atenção
No irreal turbilhão de extinta crença
Fulge entre sombras tristes teus espelhos
Estilhaços vibram em sons quebrados
Refletindo os vitrais desencantados
Funeral do luar com olhos vermelhos
Morre o que repousava na inocência
Sob flores e clarões de algum vício
Doido anseio afogado na carência
Chega Tânato eufórico pro enterro
No caixão não há morto! Foi um erro?
Vê-se vermes! É o fim ou um novo início?
(Edna Frigato)