Dolência
"Tudo é vago e incompleto! E o que mais pesa/ É nada ser perfeito. É deslumbrar a noite tormentosa até cegar, / E tudo ser em vão! Deus que tristeza! ..." (Florbela Espanca)
Dolência
Tresloucado é esse amor que ainda insiste
Após tantas desistências do amado
Em alimentar a pobre alma triste
Com fogo-fátuo em peito desarmado
Mordaz esse querer que lhe resiste
Que teima em beber fel que não agrada
Na eterna desventura assim persiste
Como mel fosse a vida amargurada
Será amor o que arde, queima, fere?
Que ampara tal cegueira e a dor prefere,
Ferir-se a deixar essa vida a esmo?
Fiel a seu destino a cada instante
Segue só como louco delirante
Fingindo que o amor é isso mesmo
(Edna Frigato)