GÊNESE LITERÁRIA
No meu sangue correm versos cuja hemoglobina é a rima,
Criando com muito afinco em meu cérebro um texto poético
E o anseio dele sair de mim, ganhar a liberdade me intima
A materializá-lo e ele com o leitor viver o discurso dialético.
Minha autonomia sobre ele pronto num papel dizima;
Deixando em mim, seu zeloso criador, certo ar herético,
Como pode gente uma criatura recém-nascida em si arrima
Com a total convicção e sabedoria de um ente profético?
Sem ter nenhuma alternativa, dou-lhe a carta de alforria
E o meu texto poético apresenta-se cônscio desde então
A diversos pares de olhos para que haja a consubstanciação.
A simbiose dará a ambos uma intelectual e saborosa parceria
Que os transformará em irmãos siameses por toda eternidade...
É assim a literatura na sua mais primeva e singela realidade.
O FILHO DA POETISA