"Alma Tirana" (1º Soneto da Trilogia "Dialética da Paixão")
(3-6-9-12)

Lavadeiras de rio, em lavares de pano,
deixam n’água turvada os decalques da vida:
o suspiro da moça, o querer mais insano,
o pecado pensado, a vontade servida.

Vai também desamor, remordido a engano;
da lasciva rameira à donzela esquecida,
se viveu... se sonhou, de sagrado a profano,
desce tudo em corrente e se perde em seguida.

 Se me fosse cabido escolher um desejo,
quereria o saber de extrair um viver,
o que dela ficou nesse imenso despejo.

E poder mapear o seu íntimo ser...
com o mapa lograr decifrar seus mistérios,
controlar seu amar a servir-me em impérios.