Amante famélico
Poderia escrever-te os versos mais lindos esta tarde
Dizer ao mundo como é inigualável tua beleza
Mas não posso, há em meu peito infindável tristeza
Que não me permite tamanha afabilidade.
Poderia enfeitar-te com doces palavras de felicidade
Mas corta minha alma um sifão de incertezas
Que me impede de realizar tão nobre proeza
E me obriga a remoer tão dolorosa saudade.
Poderia ser novamente o teu amado poeta,
Teu servo, teu escravo, teu asceta...
Amante devoto sem nenhum pudor.
Mas preferiste o mundo e suas armadilhas
Trocou-me por um frio prato de lentilhas
Matando-me de fome sem o teu amor!