A janela de meu curral

Vivo constantemente o terrível espanto

De ver através de minha pálida janela

Uma bela cidade cheia de mazelas

Com tremenda miséria, por todos os cantos.

Só há preto e branco nesta vasta aquarela

Que pinta as vielas deste triste recanto

Deixando nos rostos a marca dum pranto

Que tira o encanto de minha favela.

Aqui, José, já sabe o seu fim derradeiro:

Será mais um trabalhador sem rosto

— hereditário servente de pedreiro…

Carregando nos lábios o amargo desgosto

De saber que neste curral brasileiro

Alguns animais são mais iguais que outros!

oitalo
Enviado por oitalo em 07/02/2017
Código do texto: T5905102
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