CORAÇÕES DE PEDRA
“Aos insensíveis da dor alheia”
A vida humana é com´ uma agreste montanha
Por onde sobem aqueles sonhos mais estranhos
Dos quais advêm ao corpo os ventos tamanhos
Que lhes enregelam as fibras da vil campanha…
Os seres humanos vão tacteando nas veredas
O chão seguro, cimentado de granito,
Nos corações de pedra, irmãos daquele grito
Que toda a alma emite quando sente as quedas.
É alta esta montanha e largo é o horizonte
Que se vislumbra do empedernido cume
E é por ele que passam as paixões e o ciúme
Que o próprio amor destila em pestilenta fonte.
Não é mágica a sombra que me saiu em sorte
E eu que tudo sou – mas não empedernido –
Temo por mim ao ver o mundo tão sofrido
P´ los corações de pedra a abrir de corte em corte.
No concerto das emoções já não há flores,
Já não há solidariedade p´ la causa alheia
Nem sequer a claridade da luz duma candeia,
Mas, todavia, sobram desilusões e dores!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA