DISCURSO DO ÓDIO
Fora achado ali embaixo do viaduto.
Pura pele podre. Pus, pústulas, piolho.
“Mais um vagabundo! Mais um subproduto!”
Disparo bem no meio da face, do olho!
Deu na mídia? “Mendigo é achado morto!”
Fedendo urina, vômito. Um moribundo.
Sem esmola, do lixo sustentava o corpo.
“Mais um subproduto! Mais um vagabundo!”
Então, na sua qualidade de humano,
enquanto o outro humano escancara seu ódio,
não haverá mais sonhos, futuro, nem planos.
Aos monarcas do discurso o que é mais sórdido,
evitar o abraço, transformador do dano
ou repetir por mil vezes tal episódio?
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