FOLHAS ÓRFÃS
Nos peitoris de lôbregas janelas
debruçam-se, reféns dos passos idos,
os rostos sem viveza, combalidos,
marcados pelo toque das procelas.
Os dias, folhas órfãs, amarelas
viajam pelos ventos, ressequidos,
enquanto olhares tortos, aturdidos
pranteiam na algidez de suas celas.
Anseios, feito pútridos detritos,
sufocam, transformando em estilhaços,
as almas por memórias assombradas.
Do tempo as garras firmes, afiadas
não deixam escapar de seus abraços
os que dos sonhos calam tantos gritos.