Minha descrença esqueceu no passado
murmúrios que inda trago na lembrança:
rumor de rezas que não mais alcança
este meu coração velho e cansado.
São seis da tarde, hora da Ave Maria
e um rouco carrilhão ressoa ao longe,
mas o hábito já não faz o monge
e nem eu creio em Deus como antes cria.
Mentira! digo. Para ser honesto
jamais acreditei em um sermão,
não creio na palavra e sim no gesto,
e o que o pastor chama religião
não vale para mim. Sei que não presto,
mas não a ponto de ser charlatão.