INÊS E NOSSA ADOLESCÊNCIA

Falaste um dia, Inês, doces segredos,

Sentávamos na praça, e o sabiá

Cantava ao entardecer, e eu com medo

Buscava alguma flor em teu olhar...

Negavas-me os olhos, e os gorjeios

Tocavam melodias sem valor.

E as flores, minha Inês, de dores cheias

Não tinham mais perfumes, e nem a cor.

Não sei por quê, Inês, dessa atitude?

Se tens também ao peito um coração,

E as mesmas ilusões na juventude?

Mas nada disse a mim, nem mesmo eu pude

Interferir-me em sua decisão.

E mesmo assim é Inês em quem me ilude.

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 24/01/2017
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