INÊS E NOSSA ADOLESCÊNCIA
Falaste um dia, Inês, doces segredos,
Sentávamos na praça, e o sabiá
Cantava ao entardecer, e eu com medo
Buscava alguma flor em teu olhar...
Negavas-me os olhos, e os gorjeios
Tocavam melodias sem valor.
E as flores, minha Inês, de dores cheias
Não tinham mais perfumes, e nem a cor.
Não sei por quê, Inês, dessa atitude?
Se tens também ao peito um coração,
E as mesmas ilusões na juventude?
Mas nada disse a mim, nem mesmo eu pude
Interferir-me em sua decisão.
E mesmo assim é Inês em quem me ilude.