Soneto do Cotidiano
A flor na contradição da Urbe
o beijo na contramão do relógio
A vida liquida esquecida no ontem
O amor virtual deixado no teclado
O hoje sendo eterno por um dia
O dia esquecido por ideias voláteis
A razão enfadou-se no mito da fé
A verdade esbarra na multidão de conceitos
O luxo virou o luxo dos pragmáticos
A incredulidade é a fé dos autômatos
Deus é vendido na esquina a preço de banana
A cama virou passeio, o trânsito virou morada
O tempo é o Senhor dos escravos sem tempo
Não vivemos mais nos anos que se passam
Vivemos no cotidiano do ano que já se findou.