SOneto II
Sumiu a criança que se sentava ali,
com seu gato pardo e seu olhar sem fim.
Não sobrou nem o cheiro do jasmim,
São cadáveres daqui, não mais dali.
Cesse aquele movimento de gente,
Cesse a ressonância de tantas vozes,
Sei que ao ver ruínas do belo, sofres,
De um prédio belo tornado indigente.
A modernidade em sua ditadura
Destrói nosso belo e picha o horizonte:
triste do olhar que não enxerga cultura.
A cidade que a do passado ponte
Aniquila e prevalece a ruptura,
A cidade se erige em seu desmonte.
( Ricardo Gomes Pereira)