Tua Bruxa
Eu, que rasguei as cartas do tarô e ri,
que fiz dos búzios um colar de uso,
que me danei, lutei e feliz ainda pari,
que encarei e denunciei muito abuso;
Eu, que andei pelas ruas mais escuras,
que me engalfinhei com gente grande,
que nunca tive receio das criaturas,
nem me curvei a nenhum desmande;
Eu, que dancei nua nas noites de lua,
que entoei cantos de poder nos ritos,
que sei as palavras do clero e da rua;
Eu, que guardei estrelas pra te ofertar,
acabei em fuga, no pior dos meus delitos,
e recuei, covarde, com medo do teu olhar.
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