Tua Bruxa

Eu, que rasguei as cartas do tarô e ri,

que fiz dos búzios um colar de uso,

que me danei, lutei e feliz ainda pari,

que encarei e denunciei muito abuso;

Eu, que andei pelas ruas mais escuras,

que me engalfinhei com gente grande,

que nunca tive receio das criaturas,

nem me curvei a nenhum desmande;

Eu, que dancei nua nas noites de lua,

que entoei cantos de poder nos ritos,

que sei as palavras do clero e da rua;

Eu, que guardei estrelas pra te ofertar,

acabei em fuga, no pior dos meus delitos,

e recuei, covarde, com medo do teu olhar.

http://versosprofanos.blogspot.com/