Soneto para um amor distante
Ainda sinto falta dos teus braços,
Teus beijos hoje são o meu delírio.
Vives distante, e aos trancos e aos pedaços
Eu sofro, só, a dor deste martírio.
Deixaste aqui o teu melhor amigo,
Amargurado, triste, no abandono,
Pois o destino foi cruel comigo:
Não pude ser do teu amor o dono.
Creio que às vezes tu pensas em mim
- Como se acreditar trouxesse alívio.
Espero-te rever um dia e enfim
Continuar o que não terminamos...
Fazer renascer o nosso convívio
Na igrejinha onde quase nos casamos.
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N. do A. - Na ilustração, O Último Beijo de Romeu e Julieta de Francesco Hayez (Itália - 1791-1882).