Salvem-se em Poesia

Empurrei todas minhas letras na descida.

Preciosas companheiras de minha vida.

Junto desceram lápis, papéis e canetas.

Trepidando em buracos, lambendo sarjetas.

Assisti incrédulo partirem desse jeito

Com as mãos trêmulas sobre dolorido peito.

Mas bem no fundo queria me livrar delas!

Alfabeto dedo duro deixa sequelas

Denunciando meus sofrimentos sem dó,

Esfriando meu plexo e na garganta o nó

Que aperta, sufoca, judia e angustia!

Meu Deus, será que estou ficando louco?

Será que não me desfiz delas por tão pouco?

Rápido! Unam-se! Salvem-se em poesia!

(meu 2º Alexandrino, só que Soneto)