ASSOMBRAÇÕES

ASSOMBRAÇÕES

Tenho andado por ruas tão escuras

Que mal sei diferir sombras de sonhos.

Meus olhos veem sem ver, sempre tristonhos,

Às mesmas estranhíssimas figuras...

N'elas, as minhas vívidas agruras

Projectam-se em monstros bem bisonhos...

Quando até os amores mais risonhos

Findam em meio a grandes desventuras.

Algum cachorro ladra enquanto passo.

Eu instintivamente aperto o passo

Ainda que sem pressa de chegar.

Apenas faço com que a vida siga,

Já sem me assombrar se uma brisa antiga

Outro lugar-comum faz recordar.

Betim - 08 07 2000